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As Linhas de Torres
- As Linhas de Torres constituem o mais notável conjunto de fortificações erguidas durante a Guerra Peninsular. Sistema de fortificações complexo, cobrindo uma distância de cerca de 88 kms, entre o rio Tejo e a costa atlântica, compreende fortes, fortins, redutos, estradas militares e escarpamentos.
As Linhas de Torres são uma referência histórica para a estratégia e arquitetura militares da Europa, pela sua singularidade, tendo-se tornado um importante símbolo identitário e um poderoso recurso educacional.
Quando Massena se apercebeu da dimensão das estruturas defensivas que lhe barravam o caminho para Lisboa, terá exclamado, segundo o general Pamplona:
«Quel diable! Wellington n'a pas construit ces montagnes!»
As Linhas de Torres Vedras são o conjunto de linhas fortificadas que o General Wellington concebeu para a defesa de Lisboa às invasões francesas. Os trabalhos de construção iniciaram-se no Outono de 1809 e, num período inferior a um ano, construíram-se no maior segredo, 126 obras, entre fortificações permanentes e outras, de carácter temporário.
Construíram-se barricadas e paliçadas, abriram-se fossos, covas de lobo, trincheiras e cortaduras, foram limpos os campos de tiro e, em certos pontos, aumentou-se mesmo o declive do terreno (escarpamentos). À retaguarda das Linhas, seguindo a crista das elevações e ao longo das posições fortificadas, construíram-se estradas militares, para ligação das várias obras, levantaram-se pontes e calcetaram-se caminhos.
O aperfeiçoamento das Linhas de Defesa de Lisboa continuou até 1812, pois esperava-se nova investida de Napoleão, o que não veio a acontecer. As obras realizadas totalizaram 152, entre redutos e baterias, apetrechadas com 523 bocas de fogo.
Uma extensa rede de estradas e caminhos militares – aliada às obras de hidráulica que permitiram submergir a Estrada Real que conduzia a Lisboa, cortando o acesso ao inimigo francês – complementou e conferiu grande flexibilidade a este sistema defensivo, ligando as fortificações entre si e permitindo uma rápida deslocação das tropas, no interior das Linhas.
Trailer:
As Linhas de Wellington (2012)
De Valeria Sarmiento, com Nuno Lopes, John Malkovich.
A eficiência deste sistema defensivo baseou-se em cinco pilares fundamentais:
- As Linhas de redutos encontravam-se munidas de peças de artilharia, que submetiam a fogo de flanco todas as entradas e desfiladeiros de aproximação do inimigo;
- A construção das estradas militares que ligavam as fortificações entre si, permitindo uma rápida deslocação das tropas, no interior das Linhas;
- A introdução de um sistema de comunicações telegráficas, adaptado ao da marinha, que permitia transmitir rapidamente mensagens entre as duas primeiras Linhas;
- A construção das fortificações em segredo absoluto. Nem Massena, nem o Exército Francês tinham conhecimento destas fortificações. Mas também o Governo Britânico, a quase totalidade dos Oficiais do Estado-Maior do Exército Inglês e o Ministro Britânico em Lisboa, desconheciam a sua existência;
- A associação de uma politica de terra queimada e de desertificação, a Norte das Linhas, que levou à deslocação de cerca de 300 000 habitantes dos distritos vizinhos para dentro das Linhas, apoiando a sua defesa.